segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais um Natal se aproxima...

...Pois é!!...este vai ser o 3º Natal passado longe da família habitual e por terras quentes de Angola.
O primeiro, em 2006, foi bonito por ser o primeiro depois de muitos anos, nesta Angola quente, e por ter sido o mais simples que já passei até hoje, numa missão no Gungo. De família, tive apenas por companhia a Vera.
O segundo, em 2007, foi passado também deste lado, só com o Jó e alguma família dele, longe da minha e dos meus filhos. Triste, sem ter nada que lembrasse o Natal, mas com um esforçozinho de última hora, lá tivemos um Natal com Bolo Rei, filhoses, rabanadas, perú, bacalhau, etc... embora sem presentes, sem lembrar nada que era Natal. Para não passar totalmente em branco, fui à missa de Natal, mas que só tem mesmo o nome, pois o sentir, aqui é completamente diferente!!...
Não dá para explicar...
Este ano, mais um longe de todo o mundo, família e amigos, apenas com o Jó e a Vera e alguma família do Jó. Tudo me parece irreal. Fala-se em Natal, vê-se as luzes, as árvores, os enfeites, mas tudo muito fora de contexto. Começo a acreditar que o tempo passou, e os Natais a que estava habituada também não vão voltar nunca mais. Afinal os anos também passaram, e como não voltam para trás!!!...
Este ano estou particularmente triste e sem vontade de viver o Natal. Tudo tem jogado contra...
Até aqui na fábrica se passou uma situação que me deixou completamente arrasada.
Bem queria que o que tivesse a dizer de Angola, fossem só coisas boas e bonitas, mas este ano algo manchou o meu sentimento. Mas, a conselho da Vera e porque realmente coisas ruins é melhor não lembrar, vou passar ao lado e esquecer o acontecido. Mas que se me engasgou na garganta, isso engasgou... Foi precisamente o oposto ao que conto numa das minhas anteriores mensagens sobre o "telefonema do Justo"... para esquecer!!!...

Mesmo assim, Viva o Natal.....e Viva Jesus, que há 2008 anos nasceu e veio ao mundo para nos ensinar como devemos viver nós!!... Pena que ainda aprendemos muito pouco do que Ele ensinou.

Um Santo e Feliz Natal para todos nós. Uma recordação especial ao Valter, à minha mãe, à minha
Avó Maria, à minha irmã e cunhado João, ao Daniel, Diniz, Nelo, Carlos, Isabel, Patrícia, Gonçalo e Luis, Manel, Angelina, Sandra e Jorge, Artur e Isabel, Dora e Fábio, e etc... etc... etc... os acompanhantes dos que aqui falo e não menciono, a imensa família muito querida de Águeda e os muitos e muitos amigos, que por medo de falhar algum não vou nomear...

De Viana, aos 22 de Dezembro de 2008 com muitas saudades,

Ana Bela

sábado, 13 de dezembro de 2008

Natal no Belas Shopping....


Pois é... por terras de Angola também é Natal, apesar do calor afastar a ideia tradicional que temos de Natal, com muito frio, neve, gelo, etc...
Esta semana passei no Belas Shopping e deparei-me com uma aldeia montada num dos espaços amplos do centro comercial cheiinha de flocos de neve artificiais, árvore de Natal, bonecos de neve mesmo a fazer lembrar o nosso Natal europeu. Aqui fica a foto para recordação.

Viana, aos 13 de Dezembro de 2008.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Momento mágico que quero deixar gravado...

... na memória do meu Blogg. Este pequeno presente que Deus me concedeu, e que me deixou extremamente feliz:- O telefonema do Justo!!.. Passo a explicar. O Justo foi motorista da Faive por muito tempo, tendo-me transportado por algumas vezes aos clientes que tinha que visitar, quase sempre em Belas. Saiu da Firma há algum tempo por sua iniciativa, por estar descontente com colegas e por estar a ficar com muito pouca vontade para a condução, deduzi eu. É que, sempre que era preciso sair comigo, ficava com cara de poucos amigos. Até fiquei a pensar que não gostava mesmo de sair comigo, pois estava a ser uma constante, mas como ele era um bom motorista e muito desenrrascado, estava quase sempre a ser ele o destacado. Como tínhamos muitas horas de viagem, ía conversando com ele, criticando tudo o que nos rodeava, perguntando sobre muitas coisas da vida dele e da gente daqui, etc... Sempre se mostrou muito interessado no que eu dizia e quase sempre apoiava as minhas críticas, mas claro... nunca se sabe o que vai realmente na cabeça destes rapazes, porque a maior parte das vezes sabemos muito bem que eles nos têm muita raiva, inveja e sei lá que mais, aos brancos!!... Por acaso o Justo chegou a confidenciar-me que andou num Seminário católico, mas depois abandonou. Pediu-me até um livro de Igreja, que eu, por ele já cá não estar na firma quando fui a Portugal, não trouxe para lhe oferecer, pensando que nunca mais iria ouvir falar dele.
Soube por outros rapazes aqui da firma, que ele está agora a trabalhar nos Táxi´s (mais conhecidos por Candongueiros) e que portanto deve ser para continuar, pois ganha muito mais dessa maneira doque ganhava como motorista aqui na Faive.
Depois, é claro que os telefonemas por aqui são caros, e como quase nunca eles (os angolanos) têm saldo, nunca alguém se iria lembrar ou querer gastar dinheiro para telefonar para mim...
Imaginem qual não foi a minha surpresa quando hoje ao fim do dia ouço o telefone tocar e do outro lado da linha ouvi uma voz dizer que era o Justo!!!! Nunca pensei que fosse ele, até comecei por o imaginar um cliente da água, mas depois percebi que afinal era o nosso ex-motorista.
Telefonou só para dizer um "Alô" , saber como eu estava, e como iam as coisas aqui na Faive!!!
Agora digam lá se Deus não existe!!!... Alguma vez pensei marcar a vida de um Angolano, ao ponto de ele se lembrar de me telefonar??!!!
Escusado será dizer que fiquei super emocionada com este telefonema...
Mais uma das pequenas maravilhas que o Senhor vai colocando na minha vida, por terras de Angola.
Bem hajam aqueles que com um simples telefonema de poucos minutos, fazem um dia inteiro valer a pena!!!....


Viana, aos 17 de Novembro de 2008.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Após quase um mês de ter regressado a Angola...

e desta vez com a Vera também!!... Não como missionária , mas para aproveitar as oportunidades que surgem neste País, e ajudar ao mesmo tempo naquilo que este povo mais tem carência ou seja, na educação. Como em Portugal as coisas não estão muito boas e este ano ela já não concorreu para poder ter colocação como Professora, resolveu vir até cá. E como Deus nos continua a acompanhar e nos vai permitindo usufruir daquilo que lhe pedimos com fé, a Vera conseguiu arranjar emprego como Professora na Escola Portuguesa em Luanda e ainda está a fazer um Part-Time num Banco (uma outra oportunidade que apareceu).

Isto serviu para introduzir o que realmente me motivou a escrever mais umas linhas no Blog...

É que, após quase um mês de termos regressado a Angola, surgiu a oportunidade de junto com a Vera e uns amigos que ela conheceu aqui por Luanda, nos deslocarmos à Missão da Ondjoyetu no Sumbe e Gungo. Foi mesmo o interesse demonstrado pela Mafalda, os dois Ricardos e o Ângelo em conhecer a Missão, que acelerou esta visita que foi, segundo eles próprios disseram, uma experiência e tanto!!... "O dia mais bonito de todos os que já tinham passado em Angola", para onde já se deslocam há alguns anos em trabalho, como consultores de uma firma portuguesa que faz trabalhos para a Sonangol. Jovens com cultura mas também com simplicidade e humildade para poderem sentir ao vivo o fascínio deste povo que apesar de todas as carências, nos recebe como se fôssemos Deuses.
Fomos no sábado para o Sumbe. O Pe. David e os missionários actuais, cederam-nos as instalações da Ondjoyetu (que a Vera ainda não conhecia acabadas!!) para podermos pernoitar.
No Domingo fomos ao Gungo, mais propriamente ao Uquende (que eu já conhecia, e acho um local muito bonito). Na 2ª feira voltámos para Luanda, depois de termos almoçado umas belas lagostas grelhadas, que estavam um espectáculo...

E é por estes momentos especiais, que mais gosto de estar por Angola. São poucos, mas valem por todas as dificuldades com que nos deparamos no dia a dia.
Vale-me a lembrança da Hilária que me encantou e se encantou por mim; dava-me a mão, queria subir para o meu colo, mexer na minha pasta a tiracolo, pedir-me bolachas e "pisava" a farinha (que no caso dela era a terra) como uma adulta, ela coitadinha que devia ter praí 3 ou 4 anos...

A minha Teresa (a menina que eu conheci na Donga e que ajudei com roupa) deve estar perdida por um desses cantos do imenso Gungo, depois que ficou orfã de pai e mãe. Vive com uma irmã, segundo a versão de um Catequista, e como é muito longe dos locais onde normalmente vão os missionários, nunca mais ninguém a viu... Tenho saudades dela. Gostava de a voltar a ver. Pode ser que numa próxima viagem à Missão, pois estou plenamente convencida que ainda lá vou voltar.... se Deus quiser!!...

E até novas notícias... por aqui me fico.

Viana, aos 6 de Novembro de 2008.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Passou um mês... num ápice!!...

E já estou quase a regressar a Angola. Não sei se me apetece se não!! Estou cansada... neste momento estou cansada de tanto correr!! Nem sei se isto foram férias, ou trabalho. Tenho trabalho e bem mais tempo livre em Angola, do que tive aqui durante este mês. Foram idas a médicos, exames, tratar de coisas de casa, assuntos de família, rever amigos (e tentar gerir o tempo para poder estar um bocadinho com todos!!), enfim... no fundo, no fundo este mês foi mais de stress que de descanso, mas pronto!!... Apesar de toda a corrida e aceleração foi muito bom ver a família e amigos e poder estar um bocadinho com todos.
Agora aproxima-se a hora de partir por mais uns tempos a Angola. A Vera já partiu no dia 2 para ver se trata de organizar a vida dela. Nós, eu e Jó, vamos no dia 8 ou seja na próxima 4ª feira se Deus quiser. A nossa vida continua uma incógnita, assim como a da Vera e do Valter. Vamos seguir os passos que Deus nos está a traçar e só esperamos que Ele nos guie pelo caminho melhor, o mais certo, o correcto.
Até ao outro lado do oceano, donde breve darei mais notícias e com mais pormenores, pois o tempo por lá é bem mais calmo....

Em Foz do Arelho aos 3/4 de Outubro de 2008.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

De volta a Portugal por um mês e tal...talvez dois!!..

O tempo corre demasiado depressa. As semanas voam... e assim chegou a altura de rumar a Portugal para umas merecidas férias. Há 10 meses que estou em Angola. Falta menos de uma semana para a partida e já me estou a imaginar do lado de lá, na civilização, nas ruas limpas e sem buracos, sem lama, sem poeira e mais poeira pelo ar (e os meus olhinhos e darem queixa disso!!),
e cheia de saudades de ver família e amigos. Estou feliz por ir, não tem explicação!!...
Agora, se me perguntarem se vou ficar com saudades daqui, e se vou querer voltar.... para ser sincera e dizer mesmo a verdade, vou ter que responder: SIM.... Vou ter muitas saudades das pessoas daqui, pelo menos aquelas com quem convivo diàriamente, os meus rapazes da Água, os clientes da Faive (muitos, brasileiros...), o tempo quentinho e as músicas extremamente alegres e dançantes! Não posso nem consigo explicar, mas apesar de tudo de ruim que aqui encontro, ainda assim... tenho um fraquinho por esta terra...
Estou a pensar voltar, dentro de um a dois meses, conforme as coisas andarem lá por Portugal.
E como o tempo não vai ser muito entretanto,... talvez só volte a dar notícias no meu regresso a este lado.
Até lá... as minhas saudades...

Viana, aos 26 de Agosto de 2008.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A menos de um mês de regressar a Portugal....

....Continuo com o meu trabalho na Faive, que é uma das coisas que me vai deixar saudades daqui. Agora que estou a ficar completamente ambientada aos meus clientes da Água, é que estou prestes a ir embora. A minha colega Sónia, deixou-nos há mais de um mês. Tem tido a filhota doente e não tem quem fique com ela, por isso resolveu abandonar o trabalho. Espero que tenha sorte e que um dia volte, se puder. Assim, para me ficar a substituir enquanto não volto, vai ficar o" Lemos", que já trabalhava no Armazém, a fazer este meu trabalho. Para ele foi bom, porque subiu de posição dentro da fábrica e o Lemos bem o merece que é um rapaz calmo, atento e sabe fazer as coisas. Entende o que está a fazer. Já a falar, calão atrás de calão.... vejo-me aflita para o perceber, mas não é nada demais!!...
Há cerca de um mês que estou a fazer de instrutora do Lemos neste nova posição que ele vai ocupar. Tem estado a sair-se bem o rapaz. Para quem não sabia sequer mexer num computador, já tem a lição pràticamente toda sabida. Ele aproveitou a oportunidade e começou a tirar também um curso de Informática para o ajudar ainda mais. Está a correr tudo bem e penso que o meu trabalho vai ficar bem entregue. Fica uma foto do Lemitos (como eu lhe chamo!) muito concentrado no computador!!...
Desejo muito boa sorte ao Lemos e que quando eu voltar, as vendas de água na Faive continuem como até agora ou mais se possível, mas com tudo organizado como está agora (ainda não a 100%, mas muito perto disso...)





sexta-feira, 6 de junho de 2008

O meu trabalho na Faive.




Na Faive estou encarregue da venda, controle e cobranças da água potável. Não estou sozinha a fazer tudo isso claro, tenho a Sónia comigo e os meus "filhos"!!... os rapazes que enchem e carregam os garrafões.
A água é vendida em garrafões plásticos de 20 L. Vendemos e entregamos ao cliente, o que pode ser em casa ou nas obras. A maioria é vendida para as Obras das Odebrechts - Urbanovas - Camargos Corrêas,etc... Também se fornecem os Bebedouros para aplicar os garrafões, que ficam, assim como os garrafões, em conta consignação com os clientes. Há que fazer periodicamente um controle de garrafões no terreno, para averiguar se algum garrafão se perdeu, extraviou, roubou ou foi utilizado para outro produto que não a água. Nestes casos os clientes têm que pagar os garrafões, que têm o custo de 50 USD. Junto fotos do trabalho que se faz e que apesar de tudo me agrada.

Ana Bela

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Um dos meus hobys em Angola...




É, além da Internet onde passo a maior parte do tempo livre, a confecção de Colares em massa Fimo que trouxe de Portugal. Comecei a fazê-los sem nunca ter visto, apenas guiando-me por
uma revista. Consegui mais ou menos aquilo que queria, embora ainda não a perfeição...
Mostrei-os às empregadas aqui do escritório e elas têm-me ficado com todos os que fiz. Já pedi mais material a Portugal e estou a avançar com mais confecções.
Junto uma foto para ficar o registo. Quando for possível vou colocar mais fotos.

De Viana - Angola, aos 16 de Maio de 2008.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

1958 - 2008 Cinquenta anos de vida, neste dia!!...



Muito calmamente festejados. Longe da família e amigos, e não completamente feliz por algumas situações que se estão passando, e que me vão deixando abatida. Ao longo do dia recebi Parabéns da minha madrinha Teresa Teles, da Berta, da minha mãe e também algumas mensagens de email com postais electrónicos. Perto da noite o Jó lembrou-se que eu fazia anos e sismou que tínhamos que ir jantar fora. Fomos ao "Brito" o Restaurante dos brancos aqui de Viana. Comemos umas gambas óptimas com um vinhinho brando bem gelado. Cerca de 50€, pagos em Kwanzas, claro.
Muito cara a comida aqui em Angola, mas um dia não são dias!!...
Por esta hora devem estar a Vera, o Valter, o Gonçalo e a Ana a passear na América. Nova York acho eu. Sinto imensas saudades do cafèzinho com os meus amigos de Portugal. Mais um ano longe de todos eles. Quem sabe para o ano!!...
Hoje, 2ª feira, dia de Terço na Foz, tenho quase a certeza que irei ser lembrada na oração dos meus amigos Cursistas. Que saudades da oração do terço rezada em conjunto na Foz.
Este é um dia de muito saudusismo mas de muita alegria também, por tudo o que o Pai do Céu já me permitiu viver até aqui.
Obrigada meu Deus por tudo o que deste nestes 50 anos de vida.

Viana, aos 21 de Abril de 2008.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Lutando contra as diversas doenças...

Esta Páscoa... foi bem triste para mim! E não só por estar distante dos meus, mas essencialmente por não ter vivido a Quaresma e a Páscoa, como é costume em Portugal. Não tenho transporte disponível para me deslocar às Celebrações, nem para sair a qualquer lado, de modo que fiquei um pouco isolada no meu canto, em Viana.
Depois para ajudar a isto, uma semana antes da Páscoa apanhei o Paludismo, que me deitou muito abaixo!!... Fiquei meio abanada, mas na Páscoa já me conseguia levantar e andar, embora não a 100% mas mesmo assim, fui à Missa em Viana. Muita gente!!... um calor insuportável, mas passou-se. Sem amêndoas, sem folares (só uns que resolvi fazer à última da hora, mas que sairam horríveis...), sem chocolates, sem família por perto, nada!! Passei em muita meditação e descanso, até porque estava em convalescença do Paludismo. Tive que ir a Luanda para fazer exames e tratamento. A seguir ao Paludismo, apanhei uma alergia pelo corpo com imensas borbulhas, depois seguiu-se uma infecção nos olhos (que ainda dura!) e um furúnculo debaixo da cova do braço direito, tão grande.... que só não foi lancetado, porque lhe pus imenso creme Hirudoid para o fazer rebentar. Ficou um caroço enorme, começou a rebentar, mas ainda tive que usar um soluto que mais parecia lexívia e um creme para o conseguir extrair todo, além de anti-inflamatórios e antibióticos.
Espero que termine por aqui a minha série de doenças, porque já estou a ficar cansada!!...

Tirando isso, continuo com o meu trabalho de venda de garrafões de água potável, aqui na FAIVE. É um trabalho de escritório que eu gosto, embora seja muita coisa e exija uma certa concentração... Faço facturação, atendo clientes, visito clientes, faço controle de garrafões, arquivos, caixas, etc... interessante e estimulante. O mais difícil disto tudo é conseguir entender as pessoas... falam de uma maneira que é bem difícil percebê-los. Uns porque são nativos de Angola, outros porque são brasileiros, e são modos de falar bem diferentes dos nossos, mas lá me vou entendendo com todos eles.

E com mais este bocadinho da minha história... fico-me por hoje.


Em Viana, aos 1 de Abril de 2008.
(Apesar de ser "dia das mentiras", tudo o que escrevo é a pura verdade dos factos).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sobre a Sociedade e o estilo de vida de Angola

Sobre a Sociedade e o estilo de vida de Angola

A maior parte da sociedade aqui, não tem princípios, nem leis, nem regras!!... Vivem arreigados a costumes antigos, dos seus antepassados, e assim continuam até agora. Muitos!!... mas muitos mesmo, senão uma grande maioria, não tem sequer um Doct. de Identificação, ou têm-no caducado há anos!...

Como este ano vai haver eleições e têm andado a fazer bastante campanha para o recenseamento eleitoral, alguns começam agora a preocupar-se com os Docts., embora muitas vezes acabem por desistir devido à constante corrupção a que estão sujeitos.

A riqueza de cada pessoa conta-se pelos filhos que têm. Principalmente as mulheres. E são elas que mais trabalham para arranjar comida para os filhos. Ninguém é casado com ninguém, ninguém tem compromissos, nem obrigações com ninguém. Os homens trabalham para o dia a dia e ocultam das diversas mulheres (nunca têm só uma, mas 2,3,4 ou mais!) o que ganham, para não terem que lhes dar dinheiro. Grande parte das vezes até é ao contrário, são as próprias mulheres que lhes dão dinheiro a eles. É claro que também são muitas vezes maltratadas, levando surras e ameaças de toda a espécie, mas fazer como?

Não há leis que protejam as desgraçadas. Às vezes até parece que elas gostam e aceitam.

Os que vivem um bocadinho melhor, por terem ido à escola e terem um emprego fixo, já têm outra ideia da realidade dos outros países, até pelo que vêm na TV e então aspiram a certas comodidades como, ter uma casa de blocos rebocada e com azulejos no chão, ter um carro mesmo velho, ter telemóvel, ter TV e Multichoice (como aqui chamam à Parabólica), ter uns electrodomésticos, terem sempre roupa, sapatos, malas e outros apetrechos com fartura (lá nisso são muito vaidosas!).

Então, como não têm hipóteses de ter isso tudo, porque não ganham nem para metade, normalmente arranjam amantes (namorados) de posição, tipo Generais do Estado, ou outros que tais!! É por isso que mal vêm cá um branco (português ou outra nacionalidade) sozinho, se lançam de pés e cabeça, até conseguírem que eles lhes vão dando algum(?) dinheiro claro e uma vida melhor. E com a maior das facilidades se deixam engravidar, para os prender mesmo e de verdade. Fico cheia de raiva quando vou a qualquer lado e vejo um branco, acompanhado de uma rapariga negra!!... Normalmente até são miudas muito novitas, e eles de meia idade. Fico a pensar como as mulheres desses homens estarão nos seus países, a pensar nos sacrifícios que estão a passar longe uns dos outros, e afinal os maridos no bem bom cá deste lado, gozando e saboreando a vida.

Por outro lado, coitados dos homens, fora da família e dos amigos, se não sairem um bocado para beber umas cervejas!!! acabam por ficar doidinhos, coitados!... As raparigas negras dão-se ao luxo de mal eles se sentam num Bar, se virem sentar ao colo deles, fazendo-lhes olhinhos e pedindo bebidas ou comida. Fazer mais como? Que situação, realmente!!

E assim vai este País. Quem lhe puder escapar, que escape. Quem gostar disto aqui, mesmo assim... que fique, que volte, que continue!!

Eu estou metade cá, metade lá. Não por minha inteira vontade, mas a vida assim nos proporcionou.

Ainda assim, se este fosse um País civilizado, com as condições normais que temos em Portugal, e se me perguntassem onde queria viver, a minha resposta era sem sombra de dúvida: Aqui em Angola!!

Gosto muito desta terra em si!! Muito mesmo. Apesar do calor imenso, dos mosquitos, etc... ainda assim, escolhia aqui! Acho que me ficou no coração, dos 8 anos que aqui passei na minha juventude. E creio que não passará jamais!!...

Apesar de tudo... de Angola...

com um carinho especial por Angola,

Ana Bela Bastos da Cruz Pereira

Viana, aos 19 de Fevereiro de 2008.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Festa da Inauguração da Ondjoyetu no Sumbe

Inauguração da Ondjoyetu!!...


A inauguração da Ondjoyetu foi uma festa muito bonita.

Chegámos ao Sumbe na véspera da Festa (eu, o Jó, a minha cunhada Arminda e o meu cunhado Artur), quando decorriam os preparativos. A festa propriamente dita constou de Missa às 9h da manhã, que decorreu na Igreja da Pedra Um (que por estar em reparação não está com telhado), celebrada pelo Sr. Bispo do Sumbe-D.Benedito- com a ajuda do Pe. David e Pe. Víctor, e que se alargou até às 12h.

De seguida fomos para a Ondjoyetu, onde o Sr. Bispo fez a inauguração da Casa e benzeu o local, para poder continuar a estar à disposição dos missionários e do povo do Gungo, pelo menos enquanto durar a geminação Leiria/Fátima com o Sumbe.

Seguiu-se o almoço, que foi elaborado em conjunto pelo povo do Gungo(chefiado pelo Tio Filipe), do Sumbe e pelas missionárias que aqui se encontram no momento: Sónia, Sara e Lina. O espaço para o almoço foi ao ar livre, com uma cobertura para o sol não torrar, e foi decorado como convinha pelas meninas, com as ajudas que apareceram. Correu tudo bem, embora o trabalho para as missionárias tenha sido muito.


No fim do almoço houve algumas representações, teatros, danças,música,etc... e todos estiveram animados.

De toda a festa, o que mais me tocou, foi sem qualquer hesitação a homilia do Sr. Bispo que foi bem enquadrada, bem explicada nas 2 línguas ali existentes – o português e o umbundo – e penso que bem compreendida por todos os presentes. Um show. Gostei muito!!

Os meus Parabéns ao Pe. David, que por perceber de obras, deu um cunho especial à Casa, onde nem sequer faltou o desenho da Ondjoyetu nas grades das janelas e na porta do forno , ao Pe. Víctor, à Vera, à Catarina, à Sónia, à Lina e à Sara (já passaram mais duas meninas pela casa por curto período de tempo mas não me lembro dos nomes), que foram os que começaram esta obra missionária que irá durar 10 anos. Um e meio já passou, com os nomes que indiquei!

O meu obrigado especial à equipa missionária que me permitiu deslocar àquelas paragens, conhecer aquele povo, aquelas paisagens e realidades, de um mundo bem diferente do nosso!

Um pedacito (pequenino?) da minha vida já está ligado para sempre ao povo do Gungo. Para nunca mais esquecer.

E a vida vai continuando.....

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Inauguracao de ONDJOYETU... no Sumbe!!

Pois é... é já no próximo Domingo dia 27 de Janeiro que vai ser a inauguração oficial da Ondjoyetu, a casa de apoio aos missionários de Leiria/Fatima que vão colaborar durante
10 anos com as populações da zona do Sumbe - Gungo - e da qual a Vera fez parte do primeiro
grupo de 1 ano que iniciou a construção da mesma.

Fui convidade pelo Pe. David, assim como o Jó e a minha cunhada Arminda - que bastante
apoio tem dado ao grupo, em Luanda - a estarmos presentes na festa da Inauguração oficial.
Por isso esperamos, caso tudo corra dentro do normal, estar a caminho do Sumbe no próximo
sábado. Levamos a nossa presença, mas tbm estaremos em representação da Vera que não poderá estar fisicamente presente - embora gostasse - por se encontrar distante, e não se poder deslocar aqui agora.

Espero mesmo poder ir ao Sumbe este fim de semana. Ali, tbm já está um pedacinho de mim, de nós!!..

E o Ano vai correndo,... andando... por aqui, por ali,... por onde Deus quer!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

E o Novo Ano 2008... entrou!!

Pois é ... entrámos no Novo Ano!!


Mas a vida vai continuando na mesma, sem alterações, pelo menos por enquanto.


O Natal passou. Em Angola pela segunda vez, mas desta, bem mais triste e sem lembrar mesmo que era Natal. O ano anterior, no Gungo, foi um Natal diferente do habitual, mas muito enriquecedor, muito emotivo. A não esquecer! O deste ano foi um dia igual a todos os outros, apenas com mais pessoas (e sem grande afinidade) à mesa. Pra esquecer!!...


O Ano Novo entrou... na varanda da casa da minha cunhada, nas Ingombotas, em Luanda,
com a abertura de uma garrafa de champanhe e ouvindo o barulho das farras na rua e pelos quintais dentro. Meia hora depois, acho que já dormia. Comi as 12 passas sem ter pensado
num único desejo para o novo ano, a não ser saúde e que fosse o que o Senhor me quisesse destinar. Não estou nem aí. Se tivesse querido fazer desejos, teria tantos no meu rol, que nem dava para enumerar - Paz no mundo, condições de vida razoável para o povo angolano, menos fome no mundo, que as pessoas dessem mais valor à vida, a própria e a dos outros, menos ódio, menos ganância,mais justica social, enfim...


Eu, cá continuo com o meu marido na fábrica onde ele veio trabalhar. Ja tem o visto de
trabalho. Agora falta anexarem o meu passaporte ao dele para eu cá poder permanecer
como esposa e acompanhante. Não é que seja de minha total vontade, mas enfim!!


Para me distrair e não estar sempre fechada em casa, ofereceram-me também um traba-
lhinho na Fábrica, que faz, engarrafa e vende bebidas tais como Whisky, Gin, Aguardente e
Vinho. Além destas bebidas a Faive purifica também água que vende em garrafões de 25 L,
normalmente para aplicar em bebedouros, que são cedidos a titulo de empréstimo a firmas
que consumam mensalmente 10 garrafões de água.
Então... o meu trabalho é conferir, fazer o levantamento dos garrafões e bebedouros que cada
cliente tem em sua posse, para facturar aqueles que se perderem, partirem, ou estragarem de qualquer modo. Tanto bebedouros como garrafões vão em conta consignação para os clientes, que apenas têm que pagar a água que consumirem.
À primeira vista pode parecer uma coisinha de nada, mas os clientes de água já são bastantes.

Normalmente são grandes firmas de construção ou afins, que consumem imensos garrafões de água não só porque o calor é muito, mas também para se prevenirem contra as doenças que por
aqui proliferam. É evidente que a maioria das firmas são de brasileiros e chineses. Por aqui já se imagina os enormes contactos que eu vou mantendo com gente *normal* - culta, evoluída, sei lá que mais!!.. Só por isso já e muito bom para mim. E ainda por cima, tenho que ir conferir todas essas coisas no terreno, o que me leva a percorrer imensos locais acompanhada do meu motorista. Imaginem eu!!.. que nem diplomata, de motorista para me transportar a todo o lado!
Fina eu não!!... Foi preciso vir a Angola, para ser uma pessoa importante. Ah... e devo dizer que o motorista que me acompanha me chama de *Doutora*. Pode!! Imaginem!!!

Os nativos daqui, consomem mais as bebidas alcoólicas, claro!!.. Faz parte da sua cultura!!

Ao principio, pensei que nao ia gostar nada do trabalho que me estavam a querer dar. Não faz
muito o meu género, diga-se a verdade. Mas afinal, estou a gostar muito do trabalho, pelo contacto com outras pessoas, que têm sido uma simpatia e super atenciosos, e por ficar a conhecer um bocado de tudo o que aqui em Angola é possivel encontrar. Está a ser muito giro, de verdade! Espero que continue a correr bem como até aqui.

E aqui me fico. Até novas noticias...


Viana, 15 de Janeiro de 2008.