26 a 30 de Janeiro de 2009,
A semana de mais algumas aventuras.... por terras de Angola
Escrevi no identificador do meu messenger: “Esta é a semana das aventuras....”depois de ter passado ou visto algumas situações fora do comum a que no fundo, acabo por achar graça e me rir. Depois de já ter assistido a uma trovoada tão horrível que me fez dar gritos de medo; às inundações de 2006 que destruíram muitas casas no Cacuano, na zona das salinas, destruiu a ponte e levou casas e carros pelo mar dentro; de ter passado por várias situações de engarrafamento em que não sei como conseguimos sair dali (acabamos sempre por sair...); depois de ter que estar parada para entrar na estrada do Cacuaco e não poder entrar (estava sem um único carro a andar...) porque o “dono da terra” ia passar ali... (dito por um candongueiro que aguardava junto a nós), vou contar então as desta semana.
É claro que escrever ou falar, não é mesma coisa de ver ou viver, mas... sempre fica uma ideia. Avariou-nos o carro Getz cinzento que tenho utilizado para as visitas aos clientes, num dia em que ia com o Angelino como motorista, pela estrada de Catete em direcção a Luanda, cidade. Deixou de dar para meter mudanças. Engarrafamento era demais. Por acaso íamos na fila junto ao separador central, que é uma vala em terra. Ficou metade do carro na vala e metade na estrada. Como ninguém quer ficar parado, os carros atrás de nós dá de começarem a passar uns pela vala, mesmo aos zig-zags, mesmo com as rodas no ar, outros pela estrada, metendo-se à frente de quem está, e ninguém reclama, é mesmo assim e todos se entendem. Lá nisso, graças a Deus!!... senão, eram toques e acidentes a toda a hora. Dando que só via carros e pessoas à minha volta (porque anda sempre muita gente a passar a pé naquela zona, apesar do perigo eminente!!) decidi sair do carro para ficar no meio da vala, até que nos viessem rebocar. Mas qual quê, é tamanho calor e tamanho pó pelo ar que não dá. Resolvi meter-me antes dentro do carro com o ar condicionado (que até funciona mal, mas pronto...) ligado. Como o engarrafamento era muito, demoraram mais de uma hora a ir buscar-nos (até estávamos perto da fábrica), e eu a sufocar de calor e a morrer entretanto com o nervoso, com umas cólicas que se apoderaram de mim. Foi para esquecer...
No dia seguinte fui para Benfica com o Adão e o Claudino. O Adão é um rapaz muito engraçado, risonho e bem disposto, mas um bocadinho teimoso e apesar de lhe estarmos a dizer para ir pela estrada alcatroada, embora fosse um pouco mais longe, quis ir por um atalho de terra batida para apanhar a auto-estrada nova que vai de Benfica a Viana. Estávamos a sair do Proj. Nova Vida. Claro que a terra e areia eram tantas e o carro Getz tão baixinho, que ficámos enterrados. Era só pó pelo ar. Bem, mas logo apareceram uns miudos para nos ajudar. Começaram logo a tirar a areia à volta das rodas, mas não dava... na 2ª tentativa puseram umas chapas que eles tinham por ali, no chão junto das rodas, para ver se o carro andava, mas nada. Teve que se levantar as rodas com o macaco, depois pôr as tais chapas e então lá conseguimos sair... Pelo meio o Adão pediu para me pôr ao volante, para ele e o Claudino empurrarem o carro junto com os miudos. Passou um Jipe e disse que nos puxava, mas que eu tinha que pagar. Passou ainda um outro Jipe e disse logo que não puxava.
Agradeci com um “fixe” mas com um nervoso miudinho pelo meio. Estes são os efeitos de ser
branca em terras de Angola. Branca tem que ter dinheiro e pagar, se não que se lixe...
Ok, eu perdoo-lhes porque não tenho mesmo dinheiro, embora possa parecer!!... e depois das coisas passarem e nada de tão grave ter acontecido (como assaltos, ou isso) ainda me rio imenso da situação, e agradeço a Deus.
Outro dia, no caminho já de volta à Fábrica pela estrada de Catete, reparei num senhor com um colete dos reflectores a montar na sua bicicleta onde tinha montado uma ventoinha à frente, no guiador e virada para fora. O que nós nos rimos com o senhor que já não era novo. Um Kota, como eles aqui dizem. O trânsito parava e ele seguia por entre os carros, o trânsito andava e lá o apanhávamos outra vez na sua pedalada movida a ventoinha. Toda a gente que reparava na sua figura, ele fazia adeus “fixe” e continuava... Cruzámo-nos com ele umas 3 vezes, rimo-nos a valer, e ainda tentámos tirar fotos, mas não ficaram nada de jeito. A velocidade não coincidiu com o disparo da foto... mas foi muito engraçado!!
