terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sobre a Sociedade e o estilo de vida de Angola

Sobre a Sociedade e o estilo de vida de Angola

A maior parte da sociedade aqui, não tem princípios, nem leis, nem regras!!... Vivem arreigados a costumes antigos, dos seus antepassados, e assim continuam até agora. Muitos!!... mas muitos mesmo, senão uma grande maioria, não tem sequer um Doct. de Identificação, ou têm-no caducado há anos!...

Como este ano vai haver eleições e têm andado a fazer bastante campanha para o recenseamento eleitoral, alguns começam agora a preocupar-se com os Docts., embora muitas vezes acabem por desistir devido à constante corrupção a que estão sujeitos.

A riqueza de cada pessoa conta-se pelos filhos que têm. Principalmente as mulheres. E são elas que mais trabalham para arranjar comida para os filhos. Ninguém é casado com ninguém, ninguém tem compromissos, nem obrigações com ninguém. Os homens trabalham para o dia a dia e ocultam das diversas mulheres (nunca têm só uma, mas 2,3,4 ou mais!) o que ganham, para não terem que lhes dar dinheiro. Grande parte das vezes até é ao contrário, são as próprias mulheres que lhes dão dinheiro a eles. É claro que também são muitas vezes maltratadas, levando surras e ameaças de toda a espécie, mas fazer como?

Não há leis que protejam as desgraçadas. Às vezes até parece que elas gostam e aceitam.

Os que vivem um bocadinho melhor, por terem ido à escola e terem um emprego fixo, já têm outra ideia da realidade dos outros países, até pelo que vêm na TV e então aspiram a certas comodidades como, ter uma casa de blocos rebocada e com azulejos no chão, ter um carro mesmo velho, ter telemóvel, ter TV e Multichoice (como aqui chamam à Parabólica), ter uns electrodomésticos, terem sempre roupa, sapatos, malas e outros apetrechos com fartura (lá nisso são muito vaidosas!).

Então, como não têm hipóteses de ter isso tudo, porque não ganham nem para metade, normalmente arranjam amantes (namorados) de posição, tipo Generais do Estado, ou outros que tais!! É por isso que mal vêm cá um branco (português ou outra nacionalidade) sozinho, se lançam de pés e cabeça, até conseguírem que eles lhes vão dando algum(?) dinheiro claro e uma vida melhor. E com a maior das facilidades se deixam engravidar, para os prender mesmo e de verdade. Fico cheia de raiva quando vou a qualquer lado e vejo um branco, acompanhado de uma rapariga negra!!... Normalmente até são miudas muito novitas, e eles de meia idade. Fico a pensar como as mulheres desses homens estarão nos seus países, a pensar nos sacrifícios que estão a passar longe uns dos outros, e afinal os maridos no bem bom cá deste lado, gozando e saboreando a vida.

Por outro lado, coitados dos homens, fora da família e dos amigos, se não sairem um bocado para beber umas cervejas!!! acabam por ficar doidinhos, coitados!... As raparigas negras dão-se ao luxo de mal eles se sentam num Bar, se virem sentar ao colo deles, fazendo-lhes olhinhos e pedindo bebidas ou comida. Fazer mais como? Que situação, realmente!!

E assim vai este País. Quem lhe puder escapar, que escape. Quem gostar disto aqui, mesmo assim... que fique, que volte, que continue!!

Eu estou metade cá, metade lá. Não por minha inteira vontade, mas a vida assim nos proporcionou.

Ainda assim, se este fosse um País civilizado, com as condições normais que temos em Portugal, e se me perguntassem onde queria viver, a minha resposta era sem sombra de dúvida: Aqui em Angola!!

Gosto muito desta terra em si!! Muito mesmo. Apesar do calor imenso, dos mosquitos, etc... ainda assim, escolhia aqui! Acho que me ficou no coração, dos 8 anos que aqui passei na minha juventude. E creio que não passará jamais!!...

Apesar de tudo... de Angola...

com um carinho especial por Angola,

Ana Bela Bastos da Cruz Pereira

Viana, aos 19 de Fevereiro de 2008.

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