terça-feira, 22 de junho de 2010

Pois, pois....

Destes quase 4 anos de Angola, na minha 2ª vinda por arrastamento, o que de melhor vou levar são, sem sombra de dúvida, as viagens que pude realizar, quer ao interior de Angola, quer à África do Sul – Kruger Park –, Moçambique e Namíbia. Não quero dizer que tudo o resto tenham sido só coisas más, mas as más suplantaram com toda a certeza as boas que existiram, principalmente depois de um assalto aterrador de que fui vítima juntamente com o meu marido e a que tivemos que assistir, tendo no entanto permanecido com VIDA.

Eu que dizia que até gostava do contacto com o povo, que tinha boas recordações desses contactos, que tinha conhecido outra realidade mas que também tinha ganho outra experiência e adquirido outros conhecimentos… hoje,… hoje já não consigo confiar em ninguém, acreditar em ninguém, e todos os que se acercam de mim me fazem medo e causam apreensão, pois só consigo ver potenciais agressores em cada rosto. Se calhar isto tudo é devido à pouca distância a que sofri este assalto, pois o tempo, pretendo eu, me vá acalmando estas horríveis sensações.

Não foi isto que eu quis levar de Angola, por certo teria continuado a querer levar as melhores recordações deste povo sofrido, mas esta situação (do assalto) denegriu profundamente todo o meu sentimento e é com profunda tristeza que vou deixar para trás esta terra que eu tanto amei!!... Onde vivi a minha adolescência com todo o seu encantamento, onde voltei agora, passados 30 e tal anos, e onde estava feliz, apesar de toda a falta de condições que o país tem.
Parto amargurada, triste e desanimada com tanto mal que aqui vivi. Mas como a minha memória é fraca, espero que me faça o favor de esquecer todo este mal e conserve apenas a recordação do bom, como é o caso do que indico acima – as viagens que pude realizar.

Apesar de tudo, só tenho que dar graças a Deus por me ter permitido viver este tempo em Angola, onde eu já não fazia ideia nenhuma de voltar. Por me ter permitido aprender tudo o que aprendi com estas experiências, tanto as boas, como as más… E peço-Lhe que me faça discernir o que Ele me quis dizer com toda esta vivência e que me indique o caminho a seguir daqui para frente.

Luanda, aos 15 de Junho de 2010.

Ana Bela

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